Há um ano, através de indicação, conheço 2 senhoras nascidas em Berlim que, já na primeira troca de abraços, se declaram italianas. Pergunto como é isto e me respondem, de pronto: “gatos nascem em forno e não são pães”. Ambas estão por volta dos 90 anos, com uma dignidade notável em todos os sentidos. Filhas da artista Doris Homann, guardam o acervo da mãe com o devido orgulho. Lívia, a filha mais velha, viveu um período com Clarice Lispector, em Nápoles, e, por meio dos relatos da escritora, mudou-se para o Brasil na década de 40.
Doris vivenciou as 2 grandes guerras e relatou de forma imagética as dores presenciadas. Conviveu com Bertolt Brecht, Vladimir Mayakovsky e outros gênios. Lívia chegou primeiro ao Brasil, seguida pela mãe e irmã, em meados dos anos quarentas.
Assim, com tanta história, elas vêm-me pedir uma exposição na qual minha alma mergulhou totalmente. Definidas as 60 obras, passamos a pesquisar dados da artista.
Muitos documentos, da Europa e daqui, muitas exposições e andanças da artista pelo mundo, descobrimos a existência de um meio irmão delas, filho do pai, que ficou na Europa, com a segunda mulher e 3 sobrinhos.
Na oportunidade, um dos filhos de Cláudia está na Europa, e tem o primeiro encontro com o tio – até então desconhecido.
Em 16 de maio, comemoramos o aniversário de Doris, que completaria 121 anos, cheias de emoção vivida pela família que cresceu substancialmente nestes últimos dias.
A mostra sai de Campinas e vai para a Inn Gallery, da Carmen Pousada, em São Paulo, onde mostraremos uma arte revolucionária aos nossos convidados.