Poucos lugares são tão acolhedores e gostosos de estar como as lojas dos bons museus, especialmente após visitar as exposições temporárias ou permanentes. Lá encontram-se, entre outros, boas reproduções das obras de arte mais desejadas (e valiosas) do mundo. É importante saber, no entanto, que Reprodução e Gravura são produtos diferentes em vários sentidos.
A reprodução utiliza, atualmente, equipamentos digitais sofisticados e conta com um banco de imagens de obras originais. As imagens podem ser altamente fiéis ao original, porém, a impressão é meramente gráfica e de tiragem (número de cópias) ilimitada.
E por que podemos ter reproduções de Van Gogh, Monet e Da Vinci, entre tantos outros? Porque a lei determina que, após setenta anos do falecimento do artista, suas obras são de domínio público.
Ainda, é natural o artista vivo liberar que suas obras sejam reproduzidas para venda, durante a exposição, por exemplo. Assim, qualquer imagem de obra de arte pode ser impressa, desde que respeitados os direitos definidos por lei.
A reprodução, portanto, é um elemento apenas decorativo, não tem valor de arte.
A xilogravura do artista japonês Katsushika Hokusai, “A Grande Onda”, é uma das imagens mais reproduzidas do mundo.
Agora gravura, sim, esta tem valor artístico. É uma arte original múltipla, vinda do processo de impressão artesanal (ou gravação) cujo resultado visual confere bom gosto e sofisticação à decoração. É uma forma acessível de adquirir a obra original de um artista renomado.
A gravação de imagens para ser utilizada como matriz de impressão sobre papel ou tecido era empregada pelos egípcios e conhecida pelos chineses desde o século II. A redescoberta deu-se na Europa, em meados do século XV, como o grande veículo propagador de imagens e textos.
Há vários tipos de impressão e diferentes matrizes para produzir gravuras. As matrizes mais usuais são: xilogravura (madeira), calcografia (metal), litografia (pedra) e serigrafia (poliéster ou nylon). Mais recentemente, com a disponibilização da tecnologia, tem-se a chamada fineart, que usa impressão museológica com tinta mineral em papel de excelente qualidade, 100% algodão, com alta durabilidade.
Cada gravura recebe a marcação com o número da cópia e do total delas. Por exemplo, 1/30 é a primeira cópia do total de 30 impressas. Assim, pode-se afirmar que a gravura é um múltiplo da obra original, nomeada, datada e assinada de próprio punho pelo artista.
A gravura exibe um destes códigos do lado esquerdo: número e edição total (1/100 a 100/100, por exemplo), PA (prova de artista), PI (prova de impressão), PE (prova de estado), BPI (bom para imprimir) e HC (hors comerce, para as gravuras fora de comercialização).
Assim, se você ainda não pode ter a tela original de seu artista preferido, avalie positivamente a compra de uma gravura assinada por ele e lembre-se que só você terá aquela obra – por exemplo – a de número 5 das 30 que ele disponibilizou. E seu ambiente estará com a assinatura de um artista!
Texto: Lígia Testa
Publicado em arteref.com