FRAGMENTOS
O nome da exposição diz muito sobre a artista e sobre sua arte. Fragmentos são pedaços de algo, são partes de um todo, são frações. E, se ‘o todo é maior que a soma de suas partes’, nós somos maiores a cada transformação no tempo, pois viver é um constante fragmentar-se.
A arte de Flávia nasce deste ‘transformar-se’, da coragem de juntar os pedaços e tornar o todo maior, mais relevante. E porque passamos nos fragmentando em maiores ou menores partes durante toda a nossa vivência terrena – ora tocando as estrelas, ora tingindo as zonas abissais com as mãos – somos outros a cada instante: somos plena transformação.
‘Redefinir, reajustar, refocar, reiniciar… quantas vezes for preciso’, diz a artista em uma de suas obras. É o que fez Flavia em diversos momentos de sua vida, até compreender que a arte é o seu oxigênio limpo e puro, é o amálgama de suas melhores partes, de seus fragmentos.
Fragmentadas todas nós, mulheres, mães, filhas, fêmeas, em um mundo ainda a ser conquistado, enquanto nos dividimos e juntamos nossas partes, em um movimento incessante.
‘Go with all your heart’, grita uma das imagens, porque sem emoção não se pode seguir em frente. Seja olhando para os locais onde viveu ao redor do mundo, seja voltando para sua terra natal, onde se sente aconchegada em casa – como se não houvesse partido há uma década – as partes da artista vêm de suas vivências pelo mundo e hoje a fazem inteira, una.
Amanhã ela será outra. Cada um de nós o será.
Ligia Testa
Julho de 2022